Em Goiás, o trabalho realizado por reeducandos vai muito além da rotina prisional tradicional e se tornou uma importante ferramenta de inclusão social. A Polícia Penal do estado (PPGO) disponibiliza detentos para serviços urbanos e obras públicas, promovendo melhorias para a população e preparando os presos para a reintegração à sociedade.
No final de 2024, cerca de 4.918 reeducandos participavam de atividades laborais, enquanto 2.330 foram matriculados em cursos profissionalizantes ao longo do ano, adquirindo capacitação que pode ser útil após o cumprimento da pena. “Os presos estão envolvidos em atividades como limpeza de ruas e praças, pintura de prédios públicos, reformas de delegacias e manutenção de batalhões da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. É uma ação que beneficia tanto a população quanto os próprios reeducandos”, afirma Josimar Pires, diretor-geral da PPGO.
Além disso, a cada três dias trabalhados, os detentos têm direito a um dia de remição da pena, unindo produtividade à disciplina e à preparação para a vida fora do cárcere. “Mais do que ocupar o tempo, essas atividades oferecem aprendizado e oportunidade de mostrar que estão prontos para reassumir seu papel na sociedade”, explica Paulo Sérgio Silva Santos, gerente de Produção Agropecuária e Industrial da corporação.
Em 2024, projetos de destaque contaram com a participação da mão de obra carcerária. Entre eles, a revitalização do Autódromo Internacional de Goiânia Ayrton Senna, do Estádio Serra Dourada e do Parque Agropecuário da capital. No autódromo, 35 reeducandos atuaram na manutenção e pintura, em colaboração com a Secretaria de Esporte e Lazer (Seel).
O início de 2025 trouxe novos mutirões em Goiânia e região. Na capital, 200 reeducandos do Complexo Prisional Daniella Cruvinel participaram de ações de limpeza urbana na região Noroeste, recolhendo lixo, cuidando de praças e realizando podas de árvores. A operação contou com supervisão de 110 policiais penais e orientação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).
Em Aparecida de Goiânia, 80 detentos participaram de mutirões de zeladoria e limpeza na região do Pontal Sul, com escolta de 40 policiais penais e apoio de oito fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU). Os trabalhos incluíram remoção de entulhos, manutenção de ruas e roçagem de áreas públicas e privadas, trazendo impacto direto à comunidade local.
Segundo Josimar Pires, essas atividades promovem uma transformação dupla: “Melhoramos a cidade e oferecemos aos reeducandos uma experiência prática de reintegração social, aumentando as chances de uma vida produtiva após a pena”.
O modelo de Goiás demonstra que, quando organizado e supervisionado, o trabalho carcerário gera benefícios concretos para a sociedade: cidades mais limpas, economia de recursos públicos e reeducandos mais capacitados para retornar à vida em liberdade.