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    Plano Diretor do DF avança com proposta de regularizar 28 áreas urbanas

    Atualização do plano inclui 28 áreas informais no processo de regularização, beneficiando cerca de 20 mil famílias no Distrito Federal

    O Distrito Federal está redesenhando as regras de uso e ocupação do solo para construir uma cidade mais justa e organizada. Em fase final de revisão, o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) vai incluir medidas que podem transformar a realidade de milhares de moradores de áreas informais, com destaque para a regularização fundiária de ocupações já consolidadas.

    O objetivo é garantir que regiões ocupadas sem planejamento possam, finalmente, ter acesso à infraestrutura urbana, serviços públicos e segurança jurídica. A proposta é transformar o que hoje é considerado irregular em bairros legalmente reconhecidos e plenamente integrados ao território do DF.

    Fruto de amplo debate com representantes do governo e da sociedade civil, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) propôs a inclusão de 28 áreas no Pdot. Caso aprovadas, essas regiões poderão ser regularizadas, beneficiando diretamente cerca de 20 mil famílias que vivem nesses locais.

    Mapeamento técnico e social

    Segundo o coordenador de Planejamento Territorial e Urbano da Seduh, Mário Pacheco, a escolha dessas áreas partiu de um levantamento criterioso da situação da informalidade no DF, considerando aspectos como tamanho das ocupações, nível de consolidação e viabilidade legal e ambiental.

    “O mapeamento seguiu parâmetros técnicos e buscou priorizar locais onde a urbanização já está consolidada, oferecendo uma solução concreta para quem vive nessas comunidades”, explica Pacheco.

    Para definir os Núcleos Urbanos Informais (NUIs), como são chamados tecnicamente esses locais, o governo se baseou na Lei Federal nº 13.465/2017 e na Lei Complementar nº 986/2021, que estabelecem as diretrizes para regularização fundiária em todo o país e no Distrito Federal.

    “Na revisão anterior do Pdot, essas legislações ainda não existiam. Por isso, o novo plano já vem atualizado, alinhado às normas mais recentes, o que traz mais segurança jurídica e clareza ao processo”, destaca o coordenador.

    Áreas de Interesse Social e Específico

    As 28 áreas selecionadas foram divididas conforme as categorias previstas na legislação de regularização fundiária: Áreas de Regularização de Interesse Social (Aris), voltadas para famílias de baixa renda, e Áreas de Regularização de Interesse Específico (Arine), destinadas a grupos com maior poder aquisitivo, que podem arcar com os custos do processo.

    Das 28 áreas propostas, 17 são classificadas como Aris, como o setor Santa Luzia, na Estrutural, e a Expansão Capão Comprido II, em São Sebastião. Outras 11 áreas são consideradas Arine, como Ponte Alta, no Gama, e a Colônia Agrícola 26 de Setembro, em Vicente Pires.

    Critérios para seleção das áreas

    A definição dos territórios aptos à regularização considerou uma série de fatores, entre eles:

    • Tamanho e adensamento: Foram priorizadas áreas com maior grau de ocupação e que já apresentam características de bairro urbano consolidado.

    • Cenário da informalidade: O levantamento identificou onde estão os principais focos de ocupações irregulares no DF.

    • Viabilidade legal e ambiental: Foram analisadas restrições legais, como proximidade de rodovias e linhas de alta tensão, além de riscos ambientais, como áreas de preservação ou terrenos com declive acentuado.

    • Crescimento de áreas existentes: Também foram atualizados os limites de assentamentos já previstos no Pdot vigente, incorporando áreas de expansão e novos núcleos formados nos últimos anos.

    Mais transparência e segurança jurídica

    Com a aprovação do novo Pdot, o Distrito Federal passa a contar com um conjunto mais robusto de regras e instrumentos para apoiar a regularização dessas áreas. Além de definir as diretrizes urbanísticas, o plano estabelece as bases para que projetos de infraestrutura, como pavimentação, praças e iluminação, sejam implementados nos locais regularizados.

    “Regularizar não é apenas entregar um título de propriedade, mas garantir que essas comunidades tenham acesso à cidade formal, com infraestrutura, serviços públicos e dignidade”, reforça Mário Pacheco.

    A expectativa do governo é que, com o novo Pdot e o suporte da Lei Complementar nº 986/2021, o processo de regularização fundiária no DF se torne mais rápido, transparente e eficiente, mudando para melhor a vida de milhares de famílias que há anos aguardam o reconhecimento formal de suas moradias.

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