No coração do Jardim Botânico, uma iniciativa ambiental inédita promete transformar a relação entre moradores e o Cerrado. Trata-se do Disque-Cerrado, serviço lançado pelo Instituto Brasília Ambiental em parceria com o Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB). A proposta é simples e de impacto direto: qualquer cidadão pode solicitar gratuitamente o plantio de mudas nativas em áreas da cidade.
O programa faz parte do Projeto Ação Oikos, desenvolvido no Centro de Práticas Sustentáveis (CPS), e surge como resposta à necessidade de restaurar o bioma em meio ao avanço urbano. Cada morador tem direito a pedir até três mudas por CPF. Todo o processo é conduzido por uma equipe técnica, responsável tanto pelo plantio quanto pela entrega de uma cartilha educativa que orienta sobre irrigação, adubação e controle de pragas.
Para a vice-governadora Celina Leão, a iniciativa democratiza o cuidado ambiental. “Quando levamos o conhecimento técnico junto com as mudas, criamos condições reais para que o desejo da população em preservar se torne ação prática e duradoura”, destacou.
Funcionamento do Disque-Cerrado
Os pedidos são realizados online, por meio de formulário digital. Para otimizar o deslocamento, o plantio é organizado em grupos de, no mínimo, dez mudas em um raio de até um hectare. O trabalho segue protocolos rigorosos de conservação: preparo do solo, aplicação de gel que garante o enraizamento em qualquer época do ano, cobertura vegetal e irrigação inicial.
Segundo o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, o serviço reforça a importância estratégica do bioma. “Cuidar do Cerrado é também cuidar das nossas águas. É uma relação direta que precisamos proteger para garantir o futuro”, afirmou.
Benefícios para a cidade e para o clima
O impacto da ação vai além da estética urbana. Uma única árvore adulta pode absorver até 25 quilos de gás carbônico por ano, além de oferecer sombra, reduzir ruídos, amenizar temperaturas e auxiliar na infiltração da água da chuva, evitando enchentes e erosão do solo.
Com suas amplas áreas verdes e vocação para a educação ambiental, o Jardim Botânico se torna um espaço ideal para esse tipo de mobilização. A meta inicial é ambiciosa: plantar mil mudas de árvores nativas ainda nesta primeira etapa.
A coordenadora do projeto, Luana da Mata, reforça o engajamento da equipe. “As mudas já estão prontas e a estrutura para o plantio organizada. Basta solicitar que fazemos o trabalho para a comunidade”, explicou. Já para Rose Marques, presidente do MCJB, os reflexos vão além da questão ambiental: “O plantio vai trazer benefícios concretos para a saúde, o bem-estar e a convivência de quem vive na região”.