Sob o céu azul de Brasília e cercadas pela paisagem tranquila do Lago Paranoá, cerca de 20 mulheres se reuniram na última quarta-feira (11) para um piquenique que foi muito mais do que um simples passeio. O encontro, marcado por afeto, risadas e troca de experiências, integra as ações do projeto “Florescer”, promovido pelo Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Voltado exclusivamente para mulheres em tratamento ou acompanhamento de câncer, o grupo oferece uma rede de apoio emocional que tem feito a diferença na vida de suas integrantes.
Criado há pouco mais de um ano, o Florescer surgiu da percepção de que, além da assistência médica, pacientes oncológicas precisam de um espaço onde possam ser ouvidas, acolhidas e reconectar-se com a própria história. E é isso que o grupo promove semanalmente — com rodas de conversa, orientações sobre cuidados físicos e momentos como esse, de contato com a natureza e leveza.
“A cada encontro, vemos a força dessas mulheres florescer. O convívio em grupo, o riso compartilhado e o ambiente ao ar livre têm um impacto real no bem-estar delas. Cuidar da saúde emocional também é cuidar do corpo”, afirma Laurene Passos, supervisora de Enfermagem da oncologia do HRT e uma das responsáveis pela iniciativa.
Entre as participantes está Carmem Dirce e Silva, de 54 anos, que enfrenta o tratamento contra um câncer de mama. Ela entrou para o grupo em março e conta que, antes disso, enfrentava um período difícil. “Eu me sentia vazia, desanimada, como se tivesse perdido o controle da minha vida. No Florescer, encontrei pessoas que me entendem, me escutam e me levantam. Hoje me sinto mais forte e mais confiante”, relata.
O grupo, formado apenas por mulheres atendidas pela oncologia do HRT, se reúne todas as quartas-feiras, das 8h às 10h. As atividades variam entre dinâmicas, palestras, caminhadas e passeios — como o piquenique no Lago Paranoá, que desta vez foi totalmente planejado pelas próprias pacientes, em um gesto de autonomia e celebração da vida.
Além do apoio emocional, o Florescer também incentiva o cuidado físico, com a orientação de profissionais da saúde. A fisioterapeuta Flávia Ladeira Ventura Dumas lembra que o movimento e a atividade física têm papel fundamental no enfrentamento da doença. “Muitas chegam desmotivadas, mas aos poucos vão retomando a vontade de se cuidar. O corpo responde melhor quando a mente está mais leve e positiva”, destaca.
A programação do mês de junho prevê outras ações especiais, e o convite está aberto para novas participantes. “Todas as mulheres acompanhadas pela oncologia do hospital são bem-vindas. Esse é um espaço para recomeços, para cuidar do que não aparece nos exames: a alma, o afeto, a vontade de seguir em frente”, conclui Laurene.