Imagine viver quase três décadas sem acesso à água tratada, rede de esgoto, drenagem, calçamento ou iluminação pública. Essa foi a dura realidade enfrentada pelos moradores da Quadra 2 (antiga Quadra 12), na Estrutural. Hoje, esse cenário começou a mudar: a infraestrutura essencial já está presente e as obras entram na reta final. Das oito ruas da quadra, sete já receberam pavimentação com bloquetes; a última segue em andamento.
A transformação no local representa um salto na qualidade de vida e reafirma o compromisso do Governo do Distrito Federal com comunidades historicamente esquecidas. As intervenções também incluem o alargamento da via principal ao lado do campo sintético, que ligará o Centro Olímpico à Quadra 2, com duas pistas pavimentadas.
“Com essa obra, os ônibus escolares e o transporte coletivo poderão circular aqui pela primeira vez. Isso também ajuda a acabar com a lama no período de chuva e a poeira no tempo seco”, afirma o administrador regional, Alceu de Mattos.
A Quadra 2 já conta com redes de abastecimento de água e coleta de esgoto, além de calçadas e postes com iluminação pública. “Estamos concluindo a pavimentação da última rua e vamos instalar bocas de lobo para garantir a drenagem da água da chuva”, explica o administrador.
De acordo com ele, a transformação só foi possível graças à união de esforços. “O programa Água Legal foi fundamental. A Caesb cuidou das redes de água e esgoto; a Novacap fez a topografia para orientar a drenagem, e a Neoenergia está instalando os relógios individuais. Ainda faltam alguns braços de luz, mas os trabalhos estão avançando.”
A moradora Camila de Oliveira, 29 anos, mãe de quatro filhos, comemora as mudanças. “A gente viveu muitos anos na lama. Quando chovia, meus filhos chegavam na escola todos sujos. Agora, com ônibus passando na porta e ruas pavimentadas, tudo ficou mais fácil”, conta. Ela também destaca a chegada da água potável: “Antes era tudo improvisado, ligação irregular, e a água mal subia para o chuveiro. Hoje, temos uma rede funcionando, com pressão e segurança.”
Para Camila, a melhoria no transporte também representa alívio: “Antes, a parada era longe. Agora, a gente pega o ônibus aqui perto, próximo ao antigo lixão. Isso muda muito a rotina de quem tem filhos na escola.”
Quem também viu a vida mudar foi a dona de casa Tânia Medeiros, 47 anos. “A gente vivia no improviso. Já tive dengue seis vezes por causa da água armazenada. Às vezes ficávamos até oito dias sem água. Hoje temos rede regular, pagamos, sim, mas temos segurança e dignidade”, relata. Ela também destaca a nova rua de mão dupla: “Vai facilitar a chegada dos ônibus e valorizar ainda mais a comunidade.”
Saneamento para Santa Luzia
O programa Água Legal também avança no bairro Santa Luzia, onde a Caesb lidera um amplo projeto de saneamento integrado. O plano prevê instalação de redes de água, esgoto, energia elétrica, drenagem e coleta de lixo.
Com recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Seleção), estão previstos investimentos de R$ 85 milhões para atender cerca de 20 mil moradores. Além disso, o GDF vai aplicar R$ 274 milhões em obras de saneamento em Santa Luzia e na ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Recanto das Emas. Só no bairro Santa Luzia, serão destinados R$ 80 milhões.
Como aderir ao Água Legal
Para entrar no programa, o morador precisa apresentar documento de identidade (RG), CPF e preencher o Termo de Solicitação de Serviços (TSS), que funciona como um contrato com a Caesb. A taxa de ligação inicial pode ser parcelada em até oito vezes sem juros na conta de água.
Quem adere ao Água Legal passa a pagar pelo consumo, mas as famílias inscritas em programas sociais do GDF têm direito a uma tarifa social com valor reduzido, garantindo acesso à água potável com dignidade e custo acessível.