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    Projeto cultural no DF transforma vidas de mulheres e crianças vítimas de violência

    Localizada no coração de Brasília, a Casa Jasmim é um espaço gratuito que promove a cura e o empoderamento de mulheres e crianças em situação de violência por meio da arte e do acolhimento.

    Desde 2018, um espaço no coração de Brasília tem se dedicado ao acolhimento e à transformação de vidas marcadas pela violência. Localizada na 716 Norte, a Casa Jasmim é mais que um centro cultural: é um refúgio para mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade, com uma programação gratuita que inclui oficinas de circo, musicalização, yoga, artes plásticas e canto.

    O projeto é realizado com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF), e mantém o foco na promoção do bem-estar e do fortalecimento emocional por meio da arte e da convivência.

    “A ideia sempre foi criar um espaço onde mulheres e crianças pudessem se sentir seguras, respeitadas e parte de algo maior”, explica a coordenadora da Casa Jasmim, Nambir Kaur. “Com o tempo, o espaço se moldou à demanda das pessoas e passou a abrigar também artistas, professoras e facilitadoras culturais, todas com o compromisso de contribuir para a cura e o empoderamento coletivo.”

    Mais de 200 histórias de superação passaram por aqui nos últimos sete anos.

    De acordo com Nambir, mais de 200 pessoas já foram atendidas ao longo dos sete anos de funcionamento. A maioria chega por meio de encaminhamentos dos Centros de Especialidades para Atenção às Pessoas em Situação de Violência (Cepavs), das casas de passagem ou de instituições parceiras. Mas há também quem descubra o local por meio de amigas ou vizinhas.

    “Uma amiga comentou comigo sobre umas atividades culturais que ela estava fazendo. Eu nem perguntei direito, só aceitei ir junto”, relata uma das mulheres atendidas, que prefere não se identificar. “Chegando lá, percebi que todas nós tínhamos histórias difíceis. Mas o acolhimento é tão sincero que, às vezes, nem é preciso falar sobre a dor. Só de estar ali, a gente começa a se curar.”

    Ela, vítima de violência física e psicológica, agora participa das aulas de canto e leva a filha pequena, que se envolve nas atividades infantis. “Minha filha ama o que faz lá. É o momento da semana em que ela mais sorri”, conta, emocionada.

    Outra participante, encaminhada ao local após sofrer violência patrimonial, reforça a importância da proposta: “Ali encontrei um ponto de apoio quando tudo parecia ruir. É um espaço de reconstrução — pra mim e para meus sobrinhos, que também frequentam as oficinas. Sempre penso: se a Casa Jasmim fosse perto da minha casa, a gente moraria lá.”

    Com acessibilidade garantida, o espaço também foi pensado para receber pessoas com deficiência e possui estrutura adaptada para crianças. A programação está sempre em atualização nas redes sociais do projeto, que também divulga eventos e oficinas abertas ao público.

    A Casa Jasmim é uma prova concreta de que cultura, empatia e políticas públicas podem caminhar juntas. Como diz Nambir: “É possível transformar feridas em flores. E é isso que a gente tenta fazer aqui, todos os dias.”

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